“Dança como se ninguém estivesse a ver. Canta como ninguém estivesse a ouvir. Ama como se nunca tivesses sido magoado.”

A minha alma está sedenta de intensidade, o seu lema é nunca perder a identidade. Eu sou apenas uma criação da natureza e, como tal, ela abençoou-me com uma infinidade de limites. Nunca renegaria esta dádiva pelo olhar invejoso e cobiçoso da sociedade. Assim, garanto-te a ti e aos restantes mortais que dançarei como nunca ninguém viu, apenas orientada pelas vibrações da vida. Andarei sobre os oceanos inexplorados, nadarei pelos bosques virgens, voarei sobre praias desconhecidas… Mas não te preocupes, não tenciono guardar toda a beleza e mistérios do meu mundo. Se prometeres acompanhar a minha loucura, apenas sob a condição de ser leal à tua, eu partilharei contigo as aventuras que ficaram lendárias para toda a eternidade por terem desafiado o medo.

Ninguém tente roubar a minha expressão ou proibir a minha liberdade pois eu gritarei até me faltar o fôlego dos pulmões. Quer seja o cântico majestoso dos cisnes ou o ruído voraz do leão, eu cantarei como se a minha voz estivesse estado calada num silêncio secular. Nada me deterá, irmão… Eu tenho a proteção da Natureza e a determinação do poder superior.

Não receies, o teu passado está interdito à zona do presente. Vive intensamente, porque cada instante é genuíno. O amor pode ter-se apresentado inoportunamente, ele está sempre insaciado com os alvos que tem. Eu provei-lhe ser merecedora dos seus encantos, as mágoas que me provocou já foram desculpadas e, finalmente, tive a minha oportunidade. Não receio as consequências deste amor bravio, indomável, puro, espontâneo.

Estou feliz, agora, cada vez mais próxima dos meus sonhos, verdadeira para com os meus sentimentos, desligada do mau-olhado exterior e lutando para que tu ou os teus irmãos tenham a mesma oportunidade que eu tive, um destino mais elevado do que os deles. Só tens de te abrir, deixar-me libertar-te para um caminho árduo, mas glorioso, que vai exigir de ti muitos esforços e oferecer-te um futuro recompensador, independente de arrependimentos.

Carlota Spínola

10º44