Chamava-se Maria, a habitante das ruas da nossa cidade. Tinha um ar sujo e velho. Destacavam-se as cores das suas roupas, apesar de gastas. Sobre a saia comprida e verde que usava, vestia a sua camisola amarela cheia de remendos e calçava uns chinelos que lhe caíam dos pés ao andar.
Apesar desta sua aparência, Maria, acompanhada de um cão igualmente sujo e velho, caminhava todos os dias pelas ruas com um grande sorriso no rosto, cumprimentando todas as pessoas.
Nos seus cabelos curtos, todos os dias, colocava uma flor natural, que fazia realçar o seu olhar, preocupado, mas sem perder o seu sorriso.
Sentia por parte das outras pessoas uma certa repugnância, desinteresse e um ar de superioridade.
Em conversa com o cão que a acompanhava, perguntava, observando o que a rodeava, como se podiam considerar felizes estas pessoas que viviam diariamente a correr de um lado para o outro sem tempo para passear ou apreciar um belo dia de sol.
Há alguns anos atrás, Maria tinha vivido num lar por decisão dos filhos, que não tinham espaço ou tempo para gastar com ela. Foram dias e dias “presa” num local onde a controlavam, a faziam sentir como se os seus dias estivessem a chegar ao fim, sempre sem qualquer sinal de vida dos filhos.
Decidiu fugir, desapareceu, e foi parar às ruas, onde habita e chama de “minha casa”.
Esta mulher, apesar das condições em que vive hoje em dia, considera-se feliz porque se sente livre. As pessoas que têm uma boa casa, um bom carro, roupas de marca, por vezes, são pessoas que vivem amarguradas com a vida, mas, aos olhos da nossa sociedade, são apenas os bens materiais que constroem uma pessoa.
Patrícia Canada, 11º 55
Ano letivo 2013-2014