O velho solitário

Num beco em Lisboa, morava um mendigo de 72 anos chamado José. Apresentava-se de gorro na cabeça, calças rasgadas e com um casaco velho, tinha barba grande e branca. Costumava passear durante o dia, procurar boa gente que o sustentava com alguns cêntimos e até algum alimento. De noite, regressava ao beco onde dormia sobre um jornal velho. Na rua, passavam crianças e jovens belíssimos e contentes, filhos de senhores e senhoras com imenso dinheiro, chegavam do dia de escola ou até mesmo vinham passear com os seus familiares, muito bem apresentados e com casa, com um teto seguro onde dormir.

Todas as tardes o mendigo costumava apreciar a alegria das crianças que o faziam viajar no mundo oposto ao dele, recordava de quando era pequeno e brincava com os amigos à apanhada, ou até mesmo quando iam em grupo até à praia. Mas, de noite, a lua trazia-se a solidão, que se instalava nele, e todas as noites sobre o olho de José escorria uma lágrima de saudade. Quem sou eu? Quem são os meus? Quem gosta de mim? Que faço eu aqui neste mundo? Todas as crianças olhavam de lado para o mendigo, pois ele apresentava-se sempre com um ar de muito pobre, e até os mais sensíveis acabavam por se deixar levar pela palavra da mãe ou do pai ao dizer-lhes “Não passa de um velho pobre e mal cheiroso”. Cada vez mais José sentia-se só. Numa noite, com a solidão, vieram as insónias que o fizeram levantar-se do seu conforto de jornal e vaguear pela cidade, pensando na vida, nas questões que o rodeavam todas as noites, bem longe do Mundo, das alegrias das crianças, longe desse mundo para a sua realidade. Junto à promenade, no rebentar das ondas, José encontrou uma jovem a chorar. De coração partido, juntou-se à jovem e começaram a falar.

– Que tens tu? – perguntou o mendigo.

– Estou sozinha neste mundo! – respondeu revoltada.

O velhinho muito aflito perguntou-lhe pelos pais, e a jovem explicou-lhe que tinha saído de casa, devido às inúmeras discussões com os pais. José, de lágrima no olho, começou a fazer-se ouvir: “a solidão é uma escuridão, onde não se vê ninguém, mas a nossa luz é a família. Eu sou velho e não tenho família, não tenho luz! Mas tu és um passarinho, portanto, vai e bate asas para casa”. José acompanhou-a a casa e os pais da jovem ficaram-lhe eternamente gratos. E, desde esse dia, o mendigo passou a jantar com eles e a ser visto pelas outras pessoa que se juntaram a eles e o ajudaram por ser um bom homem com um bom coração e não um velho rabugento e na solidão!

Alexandra Silva (11º 52)

Docente| Carla Martins

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