O quadro pintado por René Magritte, publicado em 1928, ao qual deu o nome “Os amantes”, pertence ao surrealismo.
Ao observar este belo quadro, os aspetos mais significativos são: os rostos que se encontram carinhosamente próximos e cobertos por panos brancos, a presença de três planos: o casal, o homem vestido com roupa clássica, camisa branca, fato e gravata pretos, e a mulher com um delicado vestido vermelho; a paisagem verdejante e o horizonte azulado com a existência de algumas nuvens. As cores que se destacam são o vermelho, o verde, o azul, o preto e , finalmente, o branco.
Este quadro transmite a ideia de um amor proibido, um amor cego, perturbado pelo preconceito social. Por detrás daqueles panos brancos, esconde-se a vergonha, o amor, o desconhecido. Apesar de se amarem profundamente, estão condenados por uma sociedade inflexível. Os trajes demonstram um estatuto social respeitado e, assim sendo, não se admitem falhas, imperfeições. Refugiam-se então no confiável campo que encobre uma relação proibida. As cores predominantes do plano principal simbolizam isso mesmo, o vermelho, o amor, a energia de lutarem por uma aceitação e o preto, que remete para o lado obscuro da relação, o mistério, o isolamento, a morte e a solidão. Por outro lado, o verde traz-nos a esperança do equilíbrio e da harmonia entre o universo e a existência deste afeto. Na verdade, este amor é puro, retratado pelo branco, e merece ser usufruído em tranquilidade. Apesar da intolerância deste afeto por parte das pessoas, vemos a proteção que o homem oferece à mulher visto que este a encobre com os robustos braços.
Tal como o amor demonstrado neste quadro, D. Madalena e Manuel de Sousa Coutinho, personagens de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, tinham o direito de nutrir e manter o seu relacionamento. Estes foram condenados pelas leis religiosas, o que os fez morrerem para a vida. Esta dificuldade em aceitar a divergência naquela altura fez com que se desse o aniquilamento de um saudável afeto, puro e, acima de tudo, livre de ambição.
Este quadro transporta-nos para uma dimensão estética, uma dimensão do belo, da sobrevivência do amor. Apesar da inquietação e das controvérsias, o que é verdadeiro consegue vencer. O interior é muito mais forte do que pensamos. Será que é necessário vermos para sentirmos?
Andreia de Sousa (11º9)
Docente| Paula Barradas