LIII – MORREU ÓSCAR LOPES – Com 96 anos, morreu, a 22 de março, no Porto uma das figuras mais importantes da Cultura Portuguesa – Óscar Lopes. Com António José Saraiva, é autor da História da Literatura Portuguesa mais completa de que podemos dispor. Damos a palavra à ensaísta Isabel Pires de Lima para a sua evocação enquanto cidadão e intelectual, através de excertos de um seu artigo no Jornal de Notícias:
«Óscar Lopes foi um homem bom. E foi um homem humilde como só os homens sábios sabem ser. Humilde no saber, nas certezas, sempre pronto a rever-se e a ensaiar novas soluções para o mar de interrogações por onde navegava procurando persistentemente respostas, sem que isso implicasse perda de um norte ideológico que toda a vida procurou com perseverança, estudo e abertura de espírito. A vida desafiava-o quotidianamente e todos os planos da realidade o interpelavam, por isso nunca se fechou numa única área do saber, nunca foi rato de biblioteca, embora tivesse sido um leitor compulsivo, nunca se fechou ao chamamento do mundo, quer o mundo fosse a sua escola, a sua cidade, o seu partido, o seu país, o planeta, o cosmos.»
LIV – Para Óscar Lopes, a leitura de um texto literário constitui um desafio para quem lê: “compreender, realmente, uma obra é compreender-se melhor.”
LV – BIBLIOTECA ESPECIALIZADA EM EÇA DE QUEIRÓS – O protocolo, aprovado pelo executivo municipal de Aveiro na sua reunião privada, prevê a cedência ao Município da parcela de terreno onde se encontra a ‘Casa Eça de Queirós e do Desembargador Queirós’, para que possa ser alvo de obras de recuperação, mantendo a traça original do edifício. Trata-se da casa onde Eça de Queirós, autor de Os Maias, passou grande parte da sua infância e com a sua recuperação a Câmara pretende perpetuar a memória do Desembargador Queirós e do seu neto Eça de Queirós, transformando-a numa biblioteca especializada na vida e na obra deste escritor.
O Brasão da Casa Eça de Queirós encontra-se guardado no Museu da Cidade e com a reabilitação será recolocado no lugar original. Sendo Aveiro um dos Municípios Queirosianos, “irá estabelecer diálogo com diversas entidades no sentido de se estudarem os meios de concretização de uma acção mais estreita entre todas as partes, tendo em vista a reabilitação e o futuro do respectivo imóvel”.
O edifício tem estado abandonado, apesar de a autarquia ter anunciado em 2000 (ano do centenário da morte do romancista) a intenção de o adquirir e avançar com um projecto para a recuperação da casa que pertenceu à família paterna do escritor.